24 dezembro, 2006

Don't Take Your Guns to Town

Nesse ano minha folga foi na semana anterior ao Natal e aproveitamos para passar uns dias em Arraial do Cabo, cidade da qual nós dois gostamos muito. Belas praias e tudo aquilo. Aproveitamos também pra comer em alguns restaurantes da cidade, mas acabamos não comendo nenhum couvert por lá, vejam vocês. Nos restaurantes que fomos e que tinha couvert chegamos cansados e com pouca fome.

Enfim, o couvert da viagem acabou saindo em Búzios, onde fomos fazer compras e tomar um chope na famosa Rua das Pedras. Depois de rodar muito, comprar presentes de amigo oculto, uns tênis bem baratinhos e outras bugingangas acabamos nos sentando com um casal de amigos num restaurante com uma cara simpática chamado David.

A tentativa de convencer a Daniela a comer uma lagosta viva foi totalmente frustrada, então ficamos só no couvert mesmo. O David capricha no negócio. Nota 10 em conjunto, harmonia, enredo e alegorias.

O couvert deles vem com torradas quentinhas, no ponto e bastante saborosas. para as torradas, quatro potes de manteiga; fartura raramente vista e sempre apreciada. A pasta de atum, a Daniela disse que não estava muito boa. A berinjela, no entanto, foi enfaticamente elogiada.

Completam a entrada ainda uma boa quantidade de azeitonas pretas, pequenas e com ótima consistência. São as minhas preferidas. Como as grandes também, mas prefiro as pequenas. Vêm ainda ovos de codorna e lingüiça calabresa, das quais eu gostei, a Daniela não.

O lugar ainda tinha um daqueles garçons de outrora, que gostam de contar causo. Ao se desculpar porque não tinha mais Cerpa gelada, ele começou a comentar como é difícil ser garçon hoje em dia, quando as pessoas são tão nervosas. Falou sobre um cliente que colocou uma faca na garganta dele, uma semana antes, por causa de um real a mais na conta. Entre outras histórias tão pitorescas quanto. Sempre impliquei com Búzios, esse antro de playboyzice e argentinagem, mas simpatizei com o David. Volto lá feliz.

PS.: A pousada que a gente ficou em Arraial era bastante boa, mas o nosso quarto não chegava nem aos pés do cativeiro do Rafael, da novela das 8! Aquilo sim é amplo, cama confortável, uma beleza!

PS2.: Se o Profeta fosse bom mesmo tinha ressucitado o irmão, que nem o Dom fez.

PS3.: Blog novo na praça.

17 dezembro, 2006

Only a Pawn in Their Game

Uma pausa nos couverts porque tudo tem limite.

29 novembro, 2006

Ai, que preguiça

Quando criança eu tinha um livro com uns contos muito bacanas. Um deles falava sobre uma rapariga (o livro era de Portugal) muito, mas muito preguiçosa. Um mancebo (da terrinha) resolveu casar com ela, e meses depois eles receberam a visita do pai da moça, que se espantou com a disposição da filha. Ela cozinhou, lavou a louça, limpou a casa, lavou e passou toda a roupa (ai, ai). A moral da história se resumia com a frase da moçoila: “Ô meu pai, levante da cadeira e venha trabalhar/ Que na casa do meu ‘home’ (sic), quem não trabalha não come.”

Pois bem. Ao ler o texto da semana que passou, publicado pelo companheiro de blog e agora marido, lembrei imediatamente da história e me senti a própria rapariga (de Portugal, não esqueçam). Na casa do meu homem, quem não trabalha não come. Assim, diante do ultimato, não bastassem os afazeres domésticos que agora fazem parte da minha vida, tive que voltar a circular por aí, a procura de algo para abastecer o blog.

Fiz isso -- com Eduardo e um casal de amigos-afilhados -- no sábado, aproveitando a fome de couvert com a vontade de beber um chopp. Estivemos no Barril 1800, quase no Arpoador, onde eu não pisava há anos. Lugar agradável, beira da praia, mesas de sobra, vagas idem, chopp gelado, nada mal.

Já o couvert não compensa. Cesta com duas (míseras) pizzas brancas, algumas baguetes e pão francês cortados como torradas. Uma manteiguinha em temperatura ambiente (uns 35 graus) e pasta de gorgonzola, bem enjoada. Salvaram-se as lingüiças daquelas fininhas e as azeitonas condimentadas, mas que não chegaram a compensar o preço salgado do conjunto: R$ 10.

Fora isso, o Barril 1800 é pra quem tem sono. Pleno sábado, um calor de estio e antes das 2h os garçons já dobravam as toalhas e viravam as cadeiras. Decerto foram muito mais gentis que o pessoal do Informal do mesmo bairro, como já contamos por aqui, e esperaram pacientemente que terminássemos o papo e as saideiras. Mesmo assim, ficaram a nos dever uma horinha.

Onde:
Av. Vieira Souto, 110, Ipanema.
Por Daniela Oliveira

16 novembro, 2006

My Back Pages

"Good and bad, I define these terms
Quite clear, no doubt, somehow.
Ah, but I was so much older then,
I'm younger than that now.
"

E com esse post eu pretendo finalmente fechar a Trilogia da Gávea. Essa foi uma semana e tanto. Tivemos nosso primeiro dia de sol e fomos pela primeira vez a um restaurante no bairro com o assumido intuito de comer um couvert. O local escolhido foi o Bacalhau do Rei, assim mesmo.

Já tínhamos jantado lá um dia e a comida é boa, além do lugar servir Antarctica Original. Chegamos e perguntamos, tem couvert? A resposta foi ótima: "Nosso couvert é o bolinho de bacalhau". Fantástico. "Nosso couvert é o bolinho de bacalhau" Ainda assim não comemos bolinho. Nenhum dos dois estava com essa disposição. Pedi uma porção de azeitonas calabresas, que afinal de contas também é uma entrada. A porção é bastante generosa e as azeitonas, apimentadas, saborosas. Eles exageram, no entanto, na quantidade de azeite. As bichinhas vem encharcadas numa sopa de azeite, um excesso que teve efeitos perversos no estômago de minha esposa, já maltratado pela cerveja.

Mas é isso, agora que já estamos razoavelmente estabelecidos, com PC novo em casa inclusive, a coluna deve voltar a sua normalidade democrática. Semana que vem a Daniela voltar a postar, até porque não casei pra sustentar mulher preguiçosa não!

Bacalhau do Rei
Endereço: R. Marquês de São Vicente , 11-A, Gávea

PS.: Esse 'olho' bonitinho que eu botei aí no texto tirei o código aqui desse blog, ó.

03 novembro, 2006

Eu quero é botar meu bloco na rua

Hoje em dia é difícil um restaurante ser realmente especializado. Foi um choque quando soube pela primeira vez que em churrascarias é possível comer sushi. Mesmo as pizzarias se renderam ao self-service ou à comida a quilo e vendem o onipresente frango grelhado. Em pizzarias, no entanto, ainda é difícil achar couverts.

Como disse na coluna anterior eu e Daniela nos casamos e nos mudamos. Como a vida dá voltas, acabei vindo parar no bairro onde fica o colégio no qual eu fiz meu segundo grau, nos idos de 1993 a 1995. E curiosamente voltei, onze anos depois, a comer uma fatia de pizza no Show Pizza, no Shopping da Gávea. Enquanto saboreava a pizza calabresa com mais lingüiça calabresa que tem no Rio - quiçá no mundo - fiquei pensando que a fatia de pizza é uma espécie de entrada das pizzarias. Claro que isso é uma desculpa sem vergonha pra escrever a coluna sem ter comido couverts de verdade há algum tempo, mas tenho certeza que conto com a boa vontade e os leitores entrarão na minha onda.

Pois bem, a pizza do Show Pizza é excelente. É interessante notar como ela se mantém no shopping há tantos anos, sem perder espaço para nenhuma rede de bares, lanchonetes ou restaurantes fast food. Mesmo caso da loja de pastel que também está ali no Shopping da Gávea sabe Deus desde quando. Na minha opinião um característica esses dois lugares mantém: a qualidade.

Como já disse a quantidade de recheio do Show Pizza é surpreendente. Qualquer que seja o saber é sempre muito. Muito frango com catupiry, muita calabresa, muito champignon. E a pizza calabresa tem um fator especial: as fatias são muito fininhas, uma delícia.

Recomendo tanto pra quem quiser dividir com alguém uma pizza inteira ou quem estiver só de passagem e se interessar em provar uma fatia. Que aliás, também é enorme. A fatia.

30 outubro, 2006

Nada cai do céu, nem cairá

"Ain't talkin', just walkin'
Through this weary world of woe
Heart burnin', still yearnin'
No one on earth would ever know
"

Se esse blog tivesse algum leitor nós provavelmente precisaríamos pedir desculpas a ele (ou ela). Realmente faz muito tempo que não escrevemos, mas tem motivo. Casamos, mudamos e dai ficamos sem internet. Como um casal meio suburbano, meio caipira, estamos tendo dificuldades em nos acostumar com a Gávea. Nunca imaginei que existisse um bairro que não tem lotérica. Aqui não tem lotérica. Se tem, não achei.

Nesse interim também tivemos alguma dificuldade em provar novos couverts. Até provamos um, no Nova América. Não tô com o guardanapo onde anotei tudo aqui. A casa ainda é um caos e as coisas somem sozinhas. Descobrimos há algum tempo que perdemos uma mantegueira. Hoje não consegui achar de jeito nenhum minha luminária pra botar aqui no móvel do computador.

Teve também um couvert bastante especial na nossa festa de casamento. Em vez daquele monte de frios e comidas bregas, botamos um couvert em cada mesa de convidado, com pães, manteiga, ovos de codorna, azeitonas e tremoços, se bem me lembro.

De qualquer modo, semana que vem prometo que o blog volta à atividade normal. Agora que não trocamos o certo pelo duvidoso podemos ter a tranqüilidade institucional necessária pra continuar postando.

Ah, só mais um detalhe. Agora escrevo meus posts com o Firefox 2.0. Muitas melhoras, muitas mesmo. Mas tem uma extensão que é uma loucura. Ele dá a opção de você baixar na página inicial, assim que você instala o programa. É um dicionário embutido no navegador. Conforme você vai escrevendo ele marca o que tá errado, que nem no word. Fantástico. Não há preguiça que justifique alguém usar o IE.

20 setembro, 2006

Foi ao ar, perdeu o lugar

"vo nem vai me reconhecer
quando eu passar por você
de cara alegre e cruel
feliz e mau como um pau duro"

Nesta sexta não tem couvert. Ué, como assim, a coluna não é sobre couverts? É, mas essa semana eu fui no Informal, e lá não tem couvert. O que mais se aproxima são os acepipes, mas o negócio custa muito mais do que seria razoável para uma entrada, então não conta. Diante disso, contarei como foi minha noite de terça-feira no Informal de Ipanema, que funciona em horário de matinê.

Fomos para lá encontrar nossos queridos amigos Carlas e Bernardo. Carla passou prum curso aí do British Council e os dois tão se mandando esse mês pra Londres. A noite foi uma desgraça, tirando a agradável companhia dos amigos e a interessante conversa que tive com minha senhora sobre a foda da Cicarelli na era da reprodutibilidade técnica.

Pra começar, o lugar estava congelando. Já chovia, fazia um friozin lá fora, não se sabe pra quê um ar ligado tão forte lá dentro. E o que pode piorar ar condicionado? Isso mesmo, cigarro. Aparentemente o lugar não tem espaço para não-fumantes. Só se fosse do lado de fora, porque se era dentro não fazia diferença.

Pouco antes dos nosso amigos chegarem o garçon apareceu com a conta. Ué, mas a gente não tinha pedido! O sujeito se desculpou, de formar simpática, e levou de volta. Quando Bernardo e Carla chegaram, antes das 2h, a gerente não queria deixar eles entrarem, pois o bar já estaria fechado. Eles explicaram que estávamos lá dentro esperando e entraram. Pedimos uma rodada de chopes e antes que acabássemos o garçon voltou com a conta. Dessa vez sem dissimulações, a casa estava fechando mesmo. Ainda tentamos pedir mais uma rodada, o bar ainda estava cheio, com umas seis mesas ocupadas, mas não tinha jogo.

A cereja do bolo veio no fim da noite. Bernardo foi ao banheiro e, ao voltar, sua cadeira havia sido retirada. O rapaz, levemente alterado, deu um ataque de pelancas contra a falta de civilidade de se levar a cadeira de alguém que foi ao banheiro. Durante a discussão quem estava no mictório era eu, rindo sozinho da confusão. A gerente, que aparentemente tinha se dado bem naquela noite e queria fechar a casa cedo pra pagar um spring love nem se deu ao trabalho de ser simpática, bateu boca com o bêbado e perdeu cinco clientes.

Bernardo e Carla juram que não voltam lá por pelo menos um ano. Eu, pra ir em matinê, prefiro o Bar Brasil.

Obs.: Os nomes dos personagens foram trocados para preservar as famílias.

PS.: Só pra avisar que esse blog irá participar.

15 setembro, 2006

Couvert blasé

O sociólogo alemão Georg Simmel cunhou, em seu texto "A metrópole e a vida mental", a expressão "atitude blasé", que se traduz numa espécie de distanciamento diante do mundo e das coisas. Segundo ele, esta seria uma forma de se resguardar da avalanche de estímulos existentes nas metrópoles. Uma autodefesa para não pirar, digamos assim.

Pois foi com uma atitude blasé que entrei no Mentha. Notei, aliás, que todos os clientes do restaurante tinham um certo ar blasé também. Não à toa; o lugar fica no 6º piso (conhecido como G3) do Shopping Rio Sul, maior da Zona Sul, um dos mais movimentados do
Rio. Éramos todos sobreviventes da tal hiperestimulação que um antro do consumo é capaz de infligir.

Passando ao largo do excesso de barulho, aromas e pessoas característicos das praças de alimentação, o Mentha aparece como um oásis. Especialmente na parte interior, onde resolvi me sentar. Decoração de bom gosto e aconchegante, com cores suaves. Música
ambiente de qualidade, TVs de plasma passando "Fifa Fever". Pessoal do atendimento muito educado e solícito. E, para completar, um couvert à altura.

Fiquei feliz já de cruzar com a opção no cardápio, coisa rara nos poucos restaurantes existentes no shopping, e mais ainda por ver que eles adotam a boa medida de informar ali mesmo o que vem no couvert.

A cesta de pães chegou com baguetes com e sem gergelim, grissinis e pizza branca muito crocante, como deve ser, tudo em boa quantidade. Acompanham duas manteiguinhas, bolinhas de queijo de cabra ao azeite, pastinha de tomate seco e outra de azeitona verde, suaves e bem gostosas. O que me chamou a atenção foi a textura dessa última, parecia desmanchar na boca.

E o garçom ainda disse que há outras opções de pasta, como a de berinjela, de acordo com o dia. Pela qualidade das demais, vale a pena experimentar.

O preço do couvert também é simpático: R$ 6. Trata-se, portanto, de uma opção bastante agradável, em meio a todo o alvoroço de um shopping center e das atribulações cotidianas. Simmel recomendaria, aposto.

Onde: Shopping Rio Sul, G3, loja D-92, Setor Azul (Rua Lauro Muller, 116, Botafogo
Por Daniela Oliveira

05 setembro, 2006

Bob Dylan's Dream

"I wish, I wish, I wish in vain,
That we could sit simply in that room again.
Ten thousand dollars at the drop of a hat,
I'd give it all gladly if our lives could be like that.
"

Comentei com meu amigo Pedro em um post anterior sobre o meu desejo de provar o couvert família do La Mole na loja do Leblon, onde se tem o bom costume de vender Bohemia de garrafa. Acabei descobrindo que existe uma coisa melhor que o couvert família do La Mole na loja do Leblon: é o couvert do La Mole em casa.

Olha como eu tô ficando velho. Fim de noite do último domingo minha diversão foi jogar um buraco com a patroa e um casal de amigos, na casa deles. Para comer pedimos um couvert em casa. Chega uma caixa, parece caixa de torta, recheadíssima. Os ingredientes são os mesmos, só em maior quantidade. A manteiga é um sucesso, abundante. O único porém é a página do La Mole não funcionar direito no Firefox. Na hora de finalizar o pedido dava erro. Fiz por telefone mesmo e comentei o problema. O sujeito do suporte lá explicou que o sistema só funciona no IE.

24 agosto, 2006

E não tem mais nada, negro amor

Depois que O PCC, claramente inspirado em Os Cabeças de Vento, seqüestrou um repórter pra obrigar a Globo a passar vídeos da Al-jazeera, passei a pensar que talvez fosse melhor segurar a onda nas nossas críticas a margarina. Como todos sabem vivemos na pós-modernidade, tempos de multiplicidade, fragmentação e desreferencialização, e o surgimento de um grupo armado de defesa das margarinas é iminente. É bom que passe logo essa reforma política, senão eles podem até ter um partido e lobby no Congresso.

Portanto, para assegurar o bem-estar da minha família, prestes a ser sacramentada, resolvi não arriscar. Nada de procurar um couvert novo. Repeti um que eu conhecia, sobre o qual não havia falado ainda e sabia que é bom. Semana passada fui na Parmê. Sabem a Parmê? A pizza mais pesada do mundo com quilos de farinha e litros de óleo? Pois é, tem um couvert ótimo.

O garçon trouxe patê de frango e pasta de alho, azeitonas, pão de queijo, brioche, torrada, pizza branca, bolinha de queijo provolone, salame e queijo. Tudo muito bom, mas tudo muito pouco. Tudo bem, é um couvert, só pra abrir o apetite, mas ainda assim, merecia mais, até pela qualidade.

O forte é a grande variedade de pães, todos quentinhos e saborosos. O fraco, os frios; uma fatia de cada, pobreza mesmo. Os patês eu não comi, mas meus queridos amigos Daniel e Gabriel garantiram que coisa é fina, então eu acredito. O preço, tinha anotado no guardanapo, mas perdi... Ficava entre R$ 5,90 e R$ 7,90, dentro do limite do razoável.

Aliás, você já repararam como de perfil com a cabeça abaixada o Tarcisão tá cada vez mais parecido com o Jack Nicholson? Fechem os olhos e imaginem ele de Coringa. Cês vão ver só. Se bem que ele também tem um ângulos super-Jack Palance. Diz que não!

Dignidade para o couvert nosso de cada dia !

Antes diziam que ela era mais saudável; agora ela virou vilã - graças à tal da gordura trans, novo terror dos médicos e das revistas semanais. Melhor assim. Quem sabe agora donos de bares e restaurantes deixarão, em nome da boa saúde, de oferecer margarina em seus couverts.

Porque atire suas pedras quem nunca passou pela desagradável situação de, certo de que ia saborear uma manteiga salgadinha, morder a torrada e sentir aquele gosto de plástico. Hoje, eu e o companheiro de blog já somos experientes para não cair na esparrela da margarina, mas já passamos maus bocados por conta dela (e, por favor, não pensem besteira).

Sábado, aniversário daquele, voltamos ao agradável Bar da Pracinha, no Alto da Boa Vista. Clima de montanha, que favorece à degustação de uma ou mais cachaças de qualidade oferecidas no cardápio. Para quem não é chegado, tem também um chopp que cai bem - leia mais sobre isso na coluna “Não coma de barriga vazia”, aqui no blog.

Só o que não cai bem é aquela margarina sem-vergonha que vem no couvert. Que já não é lá grandes coisas: só azeitonas verdes, salame e torradas, essas felizmente quentinhas e gostosas. Mas foi só bater o olho naquele creme amarelo da petisqueira que reparei, está com cara de margarina. Ainda provei, de leve, para me certificar do crime. E era daquelas mais sem gosto (ou com mais gosto de durex, como queiram), para piorar a situação.

Ah, mas dessa vez não ia passar incólume, já que um dos sócios dos restaurantes é companheiro de uma amiga, e estaria lá em breve. Jurei dizer poucas e boas sobre a prática picareta. Mas o tempo foi passando, a carta de cachaças também passou - por mim - e, quando o dito cujo chegou, eu já não me lembrava de nada e perdi a chance de fazer uma boa ação pelos freqüentadores do local.

Mas fica aqui o protesto. No Bar da Pracinha, nada de couvert. Até que se faça a coisa certa.

Onde: Praça Afonso Viseu, nº 8, Alto da Boa Vista (350 m em relação ao nível do mar)

Por Daniela Oliveira

04 agosto, 2006

Tapa na Pantera!

Curitiba em julho deveria ser fria, mas não foi muito o caso esse ano. Em mudança de Belém para Porto Alegre, eu, Leandro Godinho, tive o prazer de aproveitar uma semana de folga na capital paranaense em companhia da minha excelentíssima, a Srta. Mônica Silva, também de folga e que já residiu na cidade.

Numa tarde quase noite, aproveitamos o clima de filme europeu da cidade e nos sentamos no agradável Café Exprès. Uma lanchonete especializada em quitutes envolvendo café, especialmente, mas que conta com salgadinhos, achocolatados e, como não, um couvert!

Deixo para Mônica a análise técnica do bafafá: "Nós comemos torradinhas com paté de peito de peru, mateiga e paté de atum. As torradas estavam no ponto, nem secas nem moles, e os patés eram bem bons. Também comemos bolinho de aipim com queijo, que eu gostei bastante. A empada foi o que eu menos gostei, mas também era apresentável. O chocolate é de primeira, só exageraram no licor, lembra? O shake de café que você tomou estava bem bom, também. O café mocha (pronuncia-se moca, e mistura capuccino e chocolate) me agradou, e olha que eu nem gosto de café. O ambiente é legal, tem revistas lá no fundo. Só é ruim não ter espaço pra fumante..."

O Café fica na Rua XV de novembro, entre as ruas João Negrão e Conselheiro Laurindo, de frente para a praça Santos Andrade. Perto do calçadão de Curita, da UFPR e do Teatro Guaíra. Preços não extorsivos, aceita cartões e funciona até às 22h.

Quem assina as traquinagens feitas com café é Isabela Raposeiras, que deve entender do assunto.

É chegar e dar um tapa na pantera!




Autor convidado: Leandro Godinho

28 julho, 2006

O de sempre? Hoje não


Depois de uma semana de recesso forçado, eis que estamos de volta cometendo o que muitos poderiam chamar de heresia. Afinal, pode parecer impensável ir ao Cervantes e não pedir o hors-concours filé com queijo (com ou sem abacaxi, a seu critério) ou uma das variações que também fazem sucesso por lá, como o lombinho com queijo, preferido do meu companheiro de blog.

Mas foi o que fizemos na última quarta-feira. Sim, pedimos o couvert em vez do filé/lombinho com queijo, e digo logo que não nos arrependemos.

Eles pecam na quantidade, não posso negar, mas a qualidade corresponde à dos sanduíches. São dois pães de leite (assim diz o cardápio), ótimos, quentinhos, mais duas fatias de pão preto – perfeito para comer com mostarda escura. Que ainda vem, felizmente, em sua embalagem original, e não naqueles sachês nojentinhos.

(Há também dois pacotes de torrada Bauducco “levemente salgada”, que por ser meu lanche de todas as tardes ficou de lado. Mas o companheiro aprovou.)

Como acompanhamento, o Cervantes nos oferece um potinho de manteiga, outro de requeijão cremoso (boa pedida), azeitonas, deliciosas salsichinhas vinagrete e patê de foie. Dessa vez, rompi com a etiqueta e pedi para que o garçom trocasse o patê, que não é nem um pouco apreciado pelos autores desta coluna, por umas salsichinhas a mais. Pelo jeito ele não considerou meu pedido, já que vieram apenas quatro delas, mas pelo menos o foie (argh!) ficou longe de nós.

É um bom couvert (R$ 6,50), pena que se vai muito rápido. Vale exatamente ao que se presta, despertar o apetite. Se bem que, para comer o filé com queijo do Cervantes, quem precisa de artifícios? Está decidido: da próxima vez, encaro os dois.

Onde: Via Parque Shopping, 2º piso, Barra da Tijuca (mas o original, aberto em 1955, fica na Prado Júnior, em Copacabana)

17 julho, 2006

O fácil é o certo

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"Olhe por onde anda
Faça o que o coração manda
Diga como é que se sente
Levante-se siga em frente
"

Todo mundo tem seu bar favorito, aquele do coração, onde você se sente em casa, chama os garçons pelo nome e pode chegar a hora que for que arruma mesa. Esse bar pra mim é o Plebeu, ali em Botafogo. Gosto muito daquela Bohemia e mais ainda da Antarctica Original; a comida do lugar é ótima e os preços são honestos; sou fã do Almir, do Edson e do Mauro; sempre rola um papinho com o Augusto na hora de pagar a conta; já comemorei diversos aniversários no lugar, que acabou se tornando um ponto de encontro do pessoal da faculdade durante um bom tempo e ainda hoje corro o risco de encontrar gente conhecida lá quando apareço de bobeira.

Curiosamente nunca tinha pedido o couvert do Plebeu. Lá tem algumas boas opções de aperitivos (entradas?) sendo o gurjão de frango o grande astro da casa, conforme pesquisa feita no Orkut. Pois bem, neste sábado perguntei pro Almir como era aquele couvert opcional e ele bem avisou: "Não é bom". Tá, mas vem o quê? "Nada demais, vem pão, manteiga, uns picles, salame, queijo, mas não é prato não, é mussarela, e azeitonas." Insisti, e ele continuou sendo amigo: "Olha não é grandes coisas não, mas se você quiser mesmo eu trago...". Eu quis e ele trouxe. Realmente é uma bosta.

Vem com o que ele falou mesmo, só que o queijo é prato e a manteiga é... margarina. Aí é aquilo, margarina não dá. Corta o tesão, faz todo o resto perder a graça. Acabei ficando só nas azeitonas, que estavam boas, e no pão puro. Comemos metade do couvert e resolvemos pedir o óbvio: gurjão de frango. Esse sim muito bom, sequinho, saboroso, perfeito. Ah, fica melhor ainda com um pouco de maionese com limão, no lugar do molho tártaro.

Agora, o melhor do fim de semana foi sem dúvida a parte cinematográfica. Fui ao AnimaMundi na tarde de domingo, com O Retorno do Super-Homem como 'couvert', ao meio-dia, lá no Botafogo Escada Shopping. Filmaço. Faz juz ao primeirão, só a música no início já emociona. John Williams é o cara. Mas legal mesmo é que a sessão que eu fui era dublada e num dos momentos em que algum personagem chama o Homem de Aço de "Superman", um garotinho de uns cinco anos corrigiu a grosseira falha do tradutor: "É super-homem!". Isso aí, garoto.

Onde: Esquina da Visconde de Caravelas com a Capitão Salomão, em frente ao Aurora, onde os garçons são antipáticos.

06 julho, 2006

Australian Crawl

A idéia é mudar, mas como lá em cima ainda tá 'couverts e entradas' vou aproveitar pra falar de uma entrada dessa vez, e não de um couvert. Há long time ago, in a galaxy far away... um amigo meu botou pilha da galera comer uma batata frita com queijo num restaurante que tinha aberto há pouco tempo no anexo do BarraShopping. Disse ele que no lugar, com uma puta cara de chique, coca-cola era refil, que nem na América. Isso deve ter sido no entorno de 1999.

Acabamos indo e foi amor à primeira vista. A batata era realmente sensacional. Uma porção generosa com queijo e bacon e um molho, chamado 'ranch' e muito superior a qualquer coisa produzida pela Hellman's, delicioso. E o melhor de tudo, apesar da aparência grã-fina e do excelente atendimento da casa, custava apenas R$ 9. Estávamos conquistados. O lugar passou a ser pit-stop antes do cinema no UCI. E passamos a freqüentar o UCI mais do que devíamos por conta disso.

Com o tempo, pouco tempo, descobrimos que lá tem também outras entradas ótimas. A cebola chama a atenção até de quem não gosta de cebola. E o molho da cebola, ultra-picante, é um escândalo de bom.

Mas o tempo, infelizmente, passa.

Muitos anos depois meu estômago não tem mais a capacidade juvenil de metabolizar aquela quantidade absurda de gordura e condimentos, o atendimento em todas as filiais caiu bastante e o preço... A batata de R$ 9 foi pra R$ 19,90. A cebola, acho que era R$ 11 e hoje também custa cerca de R$ 20. O lugar, claro, é o Outback, e mesmo com todos esses problemas, volta e meia ainda acabou voltando lá.

Viva o pão com lingüiça!

O garçom diz que não é lá essas coisas, que "não tem nenhuma pastinha". Mas queremos mesmo assim. Momentos depois volta ele: cestinha com um pão francês, bem quentinho; uma manteiga; azeitonas pretas, em boa quantidade; porção de salame, que poderia estar melhor fatiado; e farta porção de picles, dos mais variados.

Não é dos piores, nem dos melhores. É correto, serve pra enganar a barriga numa emergência, daquelas em que a fome não deixa esperar nem a chegada do cardápio. Comi até todas as cenourinhas do picles, componente que costumo deixar de lado.

Só que o azar do couvert do Braseiro da Gávea é que ele compete com a inquestionável lingüiça do lugar. A melhor do mundo. O cheiro vai nos buscar na calçada. E não dá nem pra fingir que o nariz está entupido, porque os garçons passeiam com os espetos cheios delas, pra lá e pra cá, a nos provocar. Simplesmente irresistível.

É simples assim. Quando for ao Braseiro, gaste sem culpa os R$ 5,50 do couvert em lingüiça, seja ela pura ou - minha versão preferida - no pão francês com molho à campanha. E, se o colesterol permitir, repita a dose. É por uma ótima causa.

Onde: Praça Santos Dumont, 116 - Gávea

Dignity

"Fat man lookin' in a blade of steel
Thin man lookin' at his last meal
Hollow man lookin' in a cottonfield
For dignity"


Dizem que não existe mulher feia, você que não bebeu o bastante. Cheguei neste sábado à conclusão que o mesmo raciocínio pode ser aplicado ao futebol. Fui com dois amigos ao Rosa Chopp, parada quase obrigatória para os moradores da Barra, assistir ao jogo Itália x EUA. Veja bem, Itália x EUA. Tava na cara que o jogo seria ruim e nós aproveitaríamos para tomar uns chopes e botar o papo em dia. Quem diria que aquele sábado me reservaria duas boas surpresas.

A primeira foi, claro, a fantástica partida. Eu, que não abro mão das minhas convicções tão facilmente, sigo com a certeza que o jogo foi uma bosta. Os italianos são incapazes de jogar futebol bonito e os norte-americanos, incapazes de jogar futebol e ponto. O jogo não foi bom, eu que bebi demais. De qualquer forma os italianos e ianques demonstraram uma coisinha que faz diferença na vida assim como nos campos e que vem faltando aos nossos craques fenomenais: dignidade.

A segunda surpresa foi o belo exemplar de couvert servido pela casa. Eu, Daniel e Fabiano dividimos uma cesta de pães, três potinhos de manteiga, uma boa porção de azeitonas e lingüiças calabresas e pasta de atum.

Uma certa expectativa cercava a cesta, já que a pizza branca do lugar é reconhecidamente saborosa. Ela vem com dois pães de forma, três pizzas brancas (boas como de costume) e pãezinhos franceses cortados. A proporção pães/manteiga funciona perfeitamente. A pasta de atum foi elogiada por Daniel e a lingüiça também estava muito boa.

O grande destaque do couvert, no entanto, são as azeitonas calabresas. Grandes azeitonas pretas muito, mas muito picantes. Exigem um golinho de chope entre uma mordida e outra e fazem a alegria de qualquer um que goste de pimenta.

O preço é convidativo - R$ 5,50 - e o lugar um dos mais agradáveis da Barra. Sempre achei que o Rosas tem um clima muito legal de cidade de praia, estilo Região dos Lagos. Mas se resolver experimentar durante a Copa, cuidado para não aparecer em dia de jogo desse time indigno de vestir a camisa do Brasil, porque do jeito que tá, nem com muita cachaça pra aturar!

Onde: Avenida Marechal Henrique Lott, 120 - Barra da Tijuca

13 junho, 2006

¿Cómo se llama esto?

Buenos Aires, Martes, 6 de junio. Queremos jantar – eu, meu chefe e duas amigas de SP – e aceitamos a indicação do recepcionista do hotel: “Cinco o seis cuadras en la Calle Corrientes, después a izquierda. Don Carlos, coccina española”.

A primeira surpresa está na calçada da fama que cerca o lugar. Confesso que, em minha ignorância acerca de personalidades portenhas, apenas reconheci de pronto Juan M. Fangio e Los Pimpinela. Mas, em clima de Mundial, cadê o Maradona?

Se não é uma das estrelas da calçada, Diego é astro dentro do restaurante. Está em destaque no hall de entrada, nas fotos e no autógrafo na camisa da seleção argentina, emoldurada e pendurada como troféu. Aliás, havia mais camisas que clientes no Don Carlos. Várias da seleção, principal, juniores, sub-20, e de times como Boca Juniors, Racing, Estudiantes de la Plata, River Plate, Rosario, não-sei-o-que-lá da Bolívia, um verdadeiro festival da Libertadores... Meu companheiro de couvert fez falta nessa hora.

E por falar nele – no couvert, não no companheiro –, o do Don Carlos chegou sem que precisasse perguntar por ele. Uma cesta com três tipos de pães e dois saquinhos de galletas (biscoito semelhante ao de água e sal da Tostines, só que mais duro), outra cesta de ótimas torradinhas de alho, quatro manteiguinhas e... boquerones.

Tive que anotar para não esquecer o nome da iguaria, depois de perguntar quatro vezes ao nosso garçom, que descobrimos ao longo do jantar ser paraguaio. Boquerones são anchovas bem temperadas com azeite, vinagre, salsa e tomate, deliciosas. Pena que, para quatro, foram poucos. O jeito foi molhar o pão no tempero que sobrava no prato. Huummmmm!

São dieciséis con cinquenta (16,50 pesos), o que equivale a mais ou menos R$ 13. Carinho se comparado aos couverts que freqüentam este blog ou aos preços da comida lá em Buenos Aires, tudo muito barato. Mas o restaurante era ótimo e os boquerones, nem se fala. Mui bueno !

Dónde: Billinghurst 450 con Don Carlos, Almagro, Buenos Aires - capital federal

(Seria injustiça não mencionar os agradáveis Paseo del Sol e Los Chanchillos, restaurantes onde almocei e que serviram couverts simples (torradas, galletas e manteiga) sem que fossem cobrados. Parece que é hábito na cidade, mas não pude confirmar)

22 maio, 2006

You´re no Good

O fato do nosso blog tratar de um assunto muito específico pode nos levar a cometer injustiças de vez em quando. Paciência.

No domingo à noite passamos na casa de um casal de amigos para tomar um chope. Íamos ao Bar Getúlio, ali no Catete, mas estava fechado. Acabamos no Boteco da Praia, que tem como grande atração o mesmo cozinheiro do Cervantes.

Olhando o cardápio de maneira descompromissada encontramos lá a opção de couvert, escondido no pé da 5ª ou 6ª página. Custava inacreditáveis R$ 3 e o garçon, meio sem jeito explicou pra gente que vinha só com pão, manteiga e azeitonas. Pedimos mesmo assim. Porra, três reais! Traz também três chopes e uma coca-light, por favor.

Pois é, um pouco depois chegou o couvert, muito mais generoso que o anunciado. Além dos pães, manteiga e azeitona, o garçon nos explicou que colocou salame e queijo, 'para dar um gosto'. Agradecemos, ficamos muito felizes e comemos. Em poucos lugares trata-se fregueses tão bem assim. Pena que a história não foi tão simples...

Bom, quanto à comida em si, os pães eram razoáveis, nada demais, assim como as azeitonas. Queijo e salame também estavam na média, agora, a manteiga... era margarina. E aí aconteceu a primeira grande decepção. Margarina serve, no máximo, pra fritar ovo e, na minha opinião, nem pra isso. O gosto é pior, faz ainda mais mal pra saúde, tem uma aparência ruim e um nome feio. Nada justifica colocar margarina num couvert, ainda mais se no cardápio (ou o garçom, não lembro) diz que é manteiga.

Bom, comemos o couvert sem muita emoção. Como o lugar tem a relação supracitada com o Cervantes, pedi aquele sanduíche de lombinho com queijo (sem abacaxi), que agradou bastante.

O problema maior veio junto com a conta. Não estava lá o valor de 'R$ 3', tinha um outro de R$ 12,80 que não sabíamos o que era e imaginamos o que fosse. Pois é, cobraram o salame e o queijo que colocaram no couvert, sem avisar.

Chamamos o garçom e explicamos a situação, reclamamos que ele deveria ter avisado que a cortesia do queijo e do salame seria cobrada. Ele pediu desculpas, disse que nós tínhamos razão, mas não tomou a iniciativa de descontar o extra... e nem ofereceu uma saideira!

Onde: Praia do Flamengo, 122.

15 maio, 2006

Pane e vino

Domingo, dia das mães. Orgia alimentar no almoço, vontade só de beliscar à noitinha. No caminho entre Oswaldo Cruz e a Barra da Tijuca, lá está o Castelo do Vinho. Três andares que reúnem uma mega adega, restaurante e salão de festas. E já que o friozinho ajuda, por que não a pedida couvert + vinho?

O ambiente é bem agradável e o clima, aconchegante. Mas, talvez por conta do almoço em homenagem às mães, promovido pelo local, os garçons ainda iniciavam seus trabalhos, o que tornou o serviço um tanto demorado.

Junto com a caneca de um razoável “vinho da casa” e com o suco de laranja coado (bebida oficial do meu companheiro de blog), eis que chega o couvert.

Azeitonas pretas grandes, poucas fatias de blanquet de peru, boa porção de manteiga e uma gostosa pasta de alho, com o condimento na medida certa. Só. Além de uma mini-cesta com três tipos de pães, quentinhos e bem gostosos.

(Dica: a primeira cesta de pães veio com apenas cinco unidades, que acabaram antes do garçom virar as costas. Mas a segunda não foi cobrada, e chegou com o dobro de pães. Peça sem acanhamento.)

Diante da grandiosidade do lugar, é uma pequenez de couvert. Ficou o gosto de quero mais. Deixamos R$ 7,00 para abrir nosso apetite, em vez de saciá-lo. Mas o conjunto da obra não faz feio, de jeito nenhum. E vale, à saída, circular pela Adega Ramos – dizem que sempre há o que garimpar por um bom preço. (D.O.)

Onde: R. Samuel das Neves, 351, Pechincha – Jacarepaguá, RJ.

02 maio, 2006

Orange Juice Blues (Blues for Breakfast)

Esse fim de semana foi atribulado. Casamento no sábado, Vasco x fluminense no domingo. Entre os dois, sem comida em casa, resolvemos almoçar em algum restaurante ali por perto do Maraca. Pensamos em ir a uma churrascaria rodízio, mas desistimos - duas por causa do preço e uma por causa da fila, as três na Tijuca, quem acertar quais são ganha cinco pacotes de figurinhas da Copa.

A essa altura já tínhamos desistido de almoçar, resolvemos tomar só um café da manhã e fomos parar no Garota da Tijuca, ou algo que o valha. É ali na Praça Varnhagen, do lado do Buxixo.

Pedimos o couvert do lugar, que custa apenas R$ 7. Trata-se de um clássico, sem invencionices e sem nenhuma ausência muito sentida. Vem com cesta de pães, manteigas, queijo, salaminho, picles, pasta de atum, ovos de codorna e azeitonas pretas.

Os pães eram muito bons; bem pequenos, mas quentinhos e crocantes por fora. A quantidade deixa a desejar, pois o pão acaba antes da manteiga e do queijo. O restaurante, no entanto, não cobra por cestas extras.

Os frios estavam bastante gostosos, mas podiam ser cortados com mais cuidado. As fatias de salaminho eram muito grossas e as de queijo, grossas também, sequer eram fatias. Eram uns pedaços toscamente separados, aparentemente à mão. Fica feio no prato e faz o freguês imaginar várias coisas desagradáveis. A manteiga é bastante bem servida: quatro potinhos.

As azeitonas vêm em grande quantidade e são deliciosas. Já os ovos de codorna não estavam tão bons. Deu a impressão de que ficaram tempo demais cozinhando, a consistência estava meio... pastosa, mas isso pode ter sido um caso isolado, dada a qualidade do resto da comida.

A pasta de atum, coisa que eu não como, foi muito elogiada por Daniela e, ainda segundo ela, o picles também estava gostoso. Para acompanhar toda essa beleza, um copo de suco de laranja, coado e com gelo, que é o que eu bebo agora. Uma beleza.

Um couvert honesto e saboroso por um preço pra lá de amigável. Recomendo. (E.R.)

Onde: Praça Varnhagen, 5, Tijuca, RJ.

10 março, 2006

Ai, Jesus !

Já manifestei em post anterior meu louvor por couverts que incluem bolinhos de bacalhau em sua composição. O que dizer de um restaurante que oferece uma cesta dos melhores deles, acompanhada por farta porção de presunto de Parma, regado ao legítimo azeite português, e por deliciosas torradas??

Assim é no Rei do Bacalhau do Encantado. A tradicionalíssima “casa portuguesa com certeza” é freqüentadora assídua de listas dos melhores restaurantes da cidade, e faz jus a isso. A começar pelo tal couvert, saborosíssimo, que só não substitui uma refeição porque ninguém se atreve a não pedir uma das várias opções de bacalhau – só mesmo o gajo Eduardo Rodrigues, que lá comeu bife à milanesa com batatas fritas, vai entender.

Destaque para a prática de oferecer, à entrada do restaurante, prova de vinho tinto e azeitonas pretas. Muito simpático.

Deixa-se R$ 2,00 por bolinho de bacalhau consumido – e aí vai o desafio, quem consegue não passar de duas unidades? - e R$ 8,50 pelo Parma com torradas. Salgado, mas imperdível. Nota 10 para a casa, que faz questão de lembrar em letras garrafais na fachada: “Não temos filiais”. (D.O.)

Onde: Rua Guilhermina 596, Encantado, RJ.

21 fevereiro, 2006

Caravelas Skyline Rag

Eu e Daniela temos o saudável e irresponsável costume de evitar engarrafamentos em bares. Isso muitas vezes acontece no tradicional engarrafamento de fim de tarde da São Clemente, quando vou buscá-la no trabalho e normalmente nosso destino provisório é o Plebeu. Da última vez resolvemos ir em um lugar diferente e comer algum couvert. Comemos dois.

Primeiro, por indicação da musa do samba-indie Mila Chaseliov, fomos ao I Piatti. Restaurante com cara de chique no 'Pólo Gastronômico' da Visconde de Caravelas. No andar de cima é japonês, no de baixo, italiano.

Coerente com a pompa do lugar, o preço do couvert é bem alto, mas vale a pena. Não vem quantidade, mas tudo que vem é muito bom. Por R$ 12,90 sua mesa será decorada com uma cesta de pães, pizzas brancas, brioches, torradas com queijo, azeitonas ao vinho, berinjelas, uma bela porção de linguiças calabresas e... os frios.

Todos os ítens citados acima eram excelentes, recomendo sobremaneira. Mas os frios... uma das coisas mais sem-vergonha que já vi na vida: 1/4 (!) de blanquet. Isso mesmo. eles pegam uma rodelinha daquela, cortam em 4 e mandam meia metade para cada mesa. Completando vem também um salame e um bocadinho de ricota.

Mesmo assim vale a pena. Ignorem os frios e sejam felizes. Aliás, detalhe importante, eles oferecem o couvert quando você senta na mesa. Bom costume.

Onde: Rua Visconde de Caravelas, 71, Botafogo, RJ.

O segundo couvert da noite.

Resolve-se em um parágrafo. Foi no Botequim. Custa só R$ 5,80 e todas as mesas naquela noite pediram. Mas vem só torrada, pizza branca com um sabor indeciso entre a torrada e o biscoito água e sal, azeitonas (quentes!) e foie gras. E tudo isso vem numa rapidez preocupante. Provalmente as cestinhas já ficam prontas em algum lugar... Pra quem gosta de couvert só com pão, beleza. Senão... (E.R.)

Onde: Rua Visconde de Caravelas, 184, Botafogo, RJ.

08 fevereiro, 2006

Garota do Flamengo

Nada de mais, nada de menos. Torradas, manteiga, azeitonas, conservas, salame e mussarela. Coisinhas para matar a fome momentânea, enquanto seu prato não vem, função primordial do couvert. Mas no do Garota do Flamengo falta um toque especial; até o garçom amigo, coitado, se ressentiu (“Não tem nem uns pães de queijo...”, observou).


Menos mal que as torradas vieram quentinhas e crocantes, as azeitonas tinham ótima consistência e a manteiga extra não foi cobrada. Conclusão: R$ 6,50 para saciar sua fome. Só isso. (D.O.)


Onde: Rua Senador Vergueiro, 41, Flamengo, RJ.

Shelter from the Storm

"I was burned out from exhaustion, buried in the hail,
Poisoned in the bushes an' blown out on the trail,
Hunted like a crocodile, ravaged in the corn.
'Come in,' she said, 'I'll give you
Shelter from the storm.'"


Na sexta-feira houve um temporal no Rio de Janeiro com conseqüências trágicas. Doze mortos e caos por toda a cidade. Eu e Daniela tinhamos um aniversário para ir, cheguei para buscá-la, em Oswaldo Cruz, e já chovia torrencialmente. Tentamos sair de lá mas só conseguimos andar uns 200 metros e ficamos parados do lado da linha do trem quase em frente à rua Clara Nunes, onde fica a quadra da Portela, símbolo de má sorte e uruca no Rio de Janeiro. Pois na esquina dessa rua fica o Motel Carícia, onde resolvemos entrar para escapar do caos.

Pegamos um apartamento básico com garagem e como eu estava com fome demos uma olhada no cardápio e, que surpresa agradável, tinha lá a opção do couvert. Nunca tinha comido um couvert num motel, haveria de ser uma experiência interessante.

Por salgados R$ 10,70 o Motel Carícia oferece em seu couvert cesta de pães, manteiga, azeitonas, picles, ovos de codorna, patê, queijo, presunto, queijo minas, salame e linguiça calabresa. Tudo devidamente discriminado no cardápio, o que poupa ao cliente trabalho de perguntar e diminui a necessidade da interação quase sempre constrangedora com os garçons do local. Ponto para eles.

Os pães, variados, estavam todos quentinhos, especialmente as excelentes torradas de pão francês que formavam conjunto absolutamente harmônico com um pouco de manteiga e o enroladinho de presunto e queijo. O pão francês ainda induzia a saudáveis experiências reunindo o mesmo enroladinho com a lingüiça calabresa ou qualquer outro ingrediente de escolha do freguês. A porção de manteiga é uma das maiores que já vi; vêm quatro daqueles potinhos exigidos pela segurança sanitária. A lingüiça calabresa, sequinha, estava excelente. As azeitonas vieram em boa quantidade e com a consistência perfeita.

Como destaques principais ficam os dois generosos pedaços de queijo minas, os ótimos enroladinhos de presunto (fininho) com queijo prato e os ovos de codorna, que vem quentinhos e não descascados. Mesmo que dois dos ovinhos tenham vindo moles demais, provavelmente por falta de cozimento.

O patê, de presunto, e a pouca quantidade de picles são os pontos negativos.

Tem um final, mas o final é meio impróprio e eu não digo. (E.R.)

Onde: Rua Clara Nunes, 250, Madureira, RJ.

Petisco da Vila

As raízes da terrinha não me deixam outra opção: um couvert que inclui bolinhos de bacalhau merece todos os louvores. E, sejamos justos, seis bons bolinhos, devidamente temperados com Azeite Di Oliva e uma pimentinha boa à beça.

Mas não só este quitute tornam o couvert do Petisco da Vila interessante. Lingüiça calabresa em rodelas bem fininhas; azeitonas verdes com e sem pimentão no recheio; conservas diversas; tremoços (ai, quanta emoção em ver aqueles grãozinhos amarelos na petisqueira); e uma deliciosa pastinha de ricota temperada, tudo isso acompanhado por
uma honesta cesta de torradas – que chegam bem antes do restante e nos deixa na expectativa do que vem depois.

O senão fica por conta da substituição da manteiga por margarina, que ainda assim vem em quantidade pra lá de razoável. Apesar disso, a R$ 7,90, trata-se de uma beleza de couvert. Vale conferir. (D.O.)

Onde:Av. 28 de setembro, 238, Vila Isabel, RJ.