28 julho, 2006

O de sempre? Hoje não


Depois de uma semana de recesso forçado, eis que estamos de volta cometendo o que muitos poderiam chamar de heresia. Afinal, pode parecer impensável ir ao Cervantes e não pedir o hors-concours filé com queijo (com ou sem abacaxi, a seu critério) ou uma das variações que também fazem sucesso por lá, como o lombinho com queijo, preferido do meu companheiro de blog.

Mas foi o que fizemos na última quarta-feira. Sim, pedimos o couvert em vez do filé/lombinho com queijo, e digo logo que não nos arrependemos.

Eles pecam na quantidade, não posso negar, mas a qualidade corresponde à dos sanduíches. São dois pães de leite (assim diz o cardápio), ótimos, quentinhos, mais duas fatias de pão preto – perfeito para comer com mostarda escura. Que ainda vem, felizmente, em sua embalagem original, e não naqueles sachês nojentinhos.

(Há também dois pacotes de torrada Bauducco “levemente salgada”, que por ser meu lanche de todas as tardes ficou de lado. Mas o companheiro aprovou.)

Como acompanhamento, o Cervantes nos oferece um potinho de manteiga, outro de requeijão cremoso (boa pedida), azeitonas, deliciosas salsichinhas vinagrete e patê de foie. Dessa vez, rompi com a etiqueta e pedi para que o garçom trocasse o patê, que não é nem um pouco apreciado pelos autores desta coluna, por umas salsichinhas a mais. Pelo jeito ele não considerou meu pedido, já que vieram apenas quatro delas, mas pelo menos o foie (argh!) ficou longe de nós.

É um bom couvert (R$ 6,50), pena que se vai muito rápido. Vale exatamente ao que se presta, despertar o apetite. Se bem que, para comer o filé com queijo do Cervantes, quem precisa de artifícios? Está decidido: da próxima vez, encaro os dois.

Onde: Via Parque Shopping, 2º piso, Barra da Tijuca (mas o original, aberto em 1955, fica na Prado Júnior, em Copacabana)

17 julho, 2006

O fácil é o certo

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"Olhe por onde anda
Faça o que o coração manda
Diga como é que se sente
Levante-se siga em frente
"

Todo mundo tem seu bar favorito, aquele do coração, onde você se sente em casa, chama os garçons pelo nome e pode chegar a hora que for que arruma mesa. Esse bar pra mim é o Plebeu, ali em Botafogo. Gosto muito daquela Bohemia e mais ainda da Antarctica Original; a comida do lugar é ótima e os preços são honestos; sou fã do Almir, do Edson e do Mauro; sempre rola um papinho com o Augusto na hora de pagar a conta; já comemorei diversos aniversários no lugar, que acabou se tornando um ponto de encontro do pessoal da faculdade durante um bom tempo e ainda hoje corro o risco de encontrar gente conhecida lá quando apareço de bobeira.

Curiosamente nunca tinha pedido o couvert do Plebeu. Lá tem algumas boas opções de aperitivos (entradas?) sendo o gurjão de frango o grande astro da casa, conforme pesquisa feita no Orkut. Pois bem, neste sábado perguntei pro Almir como era aquele couvert opcional e ele bem avisou: "Não é bom". Tá, mas vem o quê? "Nada demais, vem pão, manteiga, uns picles, salame, queijo, mas não é prato não, é mussarela, e azeitonas." Insisti, e ele continuou sendo amigo: "Olha não é grandes coisas não, mas se você quiser mesmo eu trago...". Eu quis e ele trouxe. Realmente é uma bosta.

Vem com o que ele falou mesmo, só que o queijo é prato e a manteiga é... margarina. Aí é aquilo, margarina não dá. Corta o tesão, faz todo o resto perder a graça. Acabei ficando só nas azeitonas, que estavam boas, e no pão puro. Comemos metade do couvert e resolvemos pedir o óbvio: gurjão de frango. Esse sim muito bom, sequinho, saboroso, perfeito. Ah, fica melhor ainda com um pouco de maionese com limão, no lugar do molho tártaro.

Agora, o melhor do fim de semana foi sem dúvida a parte cinematográfica. Fui ao AnimaMundi na tarde de domingo, com O Retorno do Super-Homem como 'couvert', ao meio-dia, lá no Botafogo Escada Shopping. Filmaço. Faz juz ao primeirão, só a música no início já emociona. John Williams é o cara. Mas legal mesmo é que a sessão que eu fui era dublada e num dos momentos em que algum personagem chama o Homem de Aço de "Superman", um garotinho de uns cinco anos corrigiu a grosseira falha do tradutor: "É super-homem!". Isso aí, garoto.

Onde: Esquina da Visconde de Caravelas com a Capitão Salomão, em frente ao Aurora, onde os garçons são antipáticos.

06 julho, 2006

Australian Crawl

A idéia é mudar, mas como lá em cima ainda tá 'couverts e entradas' vou aproveitar pra falar de uma entrada dessa vez, e não de um couvert. Há long time ago, in a galaxy far away... um amigo meu botou pilha da galera comer uma batata frita com queijo num restaurante que tinha aberto há pouco tempo no anexo do BarraShopping. Disse ele que no lugar, com uma puta cara de chique, coca-cola era refil, que nem na América. Isso deve ter sido no entorno de 1999.

Acabamos indo e foi amor à primeira vista. A batata era realmente sensacional. Uma porção generosa com queijo e bacon e um molho, chamado 'ranch' e muito superior a qualquer coisa produzida pela Hellman's, delicioso. E o melhor de tudo, apesar da aparência grã-fina e do excelente atendimento da casa, custava apenas R$ 9. Estávamos conquistados. O lugar passou a ser pit-stop antes do cinema no UCI. E passamos a freqüentar o UCI mais do que devíamos por conta disso.

Com o tempo, pouco tempo, descobrimos que lá tem também outras entradas ótimas. A cebola chama a atenção até de quem não gosta de cebola. E o molho da cebola, ultra-picante, é um escândalo de bom.

Mas o tempo, infelizmente, passa.

Muitos anos depois meu estômago não tem mais a capacidade juvenil de metabolizar aquela quantidade absurda de gordura e condimentos, o atendimento em todas as filiais caiu bastante e o preço... A batata de R$ 9 foi pra R$ 19,90. A cebola, acho que era R$ 11 e hoje também custa cerca de R$ 20. O lugar, claro, é o Outback, e mesmo com todos esses problemas, volta e meia ainda acabou voltando lá.

Viva o pão com lingüiça!

O garçom diz que não é lá essas coisas, que "não tem nenhuma pastinha". Mas queremos mesmo assim. Momentos depois volta ele: cestinha com um pão francês, bem quentinho; uma manteiga; azeitonas pretas, em boa quantidade; porção de salame, que poderia estar melhor fatiado; e farta porção de picles, dos mais variados.

Não é dos piores, nem dos melhores. É correto, serve pra enganar a barriga numa emergência, daquelas em que a fome não deixa esperar nem a chegada do cardápio. Comi até todas as cenourinhas do picles, componente que costumo deixar de lado.

Só que o azar do couvert do Braseiro da Gávea é que ele compete com a inquestionável lingüiça do lugar. A melhor do mundo. O cheiro vai nos buscar na calçada. E não dá nem pra fingir que o nariz está entupido, porque os garçons passeiam com os espetos cheios delas, pra lá e pra cá, a nos provocar. Simplesmente irresistível.

É simples assim. Quando for ao Braseiro, gaste sem culpa os R$ 5,50 do couvert em lingüiça, seja ela pura ou - minha versão preferida - no pão francês com molho à campanha. E, se o colesterol permitir, repita a dose. É por uma ótima causa.

Onde: Praça Santos Dumont, 116 - Gávea

Dignity

"Fat man lookin' in a blade of steel
Thin man lookin' at his last meal
Hollow man lookin' in a cottonfield
For dignity"


Dizem que não existe mulher feia, você que não bebeu o bastante. Cheguei neste sábado à conclusão que o mesmo raciocínio pode ser aplicado ao futebol. Fui com dois amigos ao Rosa Chopp, parada quase obrigatória para os moradores da Barra, assistir ao jogo Itália x EUA. Veja bem, Itália x EUA. Tava na cara que o jogo seria ruim e nós aproveitaríamos para tomar uns chopes e botar o papo em dia. Quem diria que aquele sábado me reservaria duas boas surpresas.

A primeira foi, claro, a fantástica partida. Eu, que não abro mão das minhas convicções tão facilmente, sigo com a certeza que o jogo foi uma bosta. Os italianos são incapazes de jogar futebol bonito e os norte-americanos, incapazes de jogar futebol e ponto. O jogo não foi bom, eu que bebi demais. De qualquer forma os italianos e ianques demonstraram uma coisinha que faz diferença na vida assim como nos campos e que vem faltando aos nossos craques fenomenais: dignidade.

A segunda surpresa foi o belo exemplar de couvert servido pela casa. Eu, Daniel e Fabiano dividimos uma cesta de pães, três potinhos de manteiga, uma boa porção de azeitonas e lingüiças calabresas e pasta de atum.

Uma certa expectativa cercava a cesta, já que a pizza branca do lugar é reconhecidamente saborosa. Ela vem com dois pães de forma, três pizzas brancas (boas como de costume) e pãezinhos franceses cortados. A proporção pães/manteiga funciona perfeitamente. A pasta de atum foi elogiada por Daniel e a lingüiça também estava muito boa.

O grande destaque do couvert, no entanto, são as azeitonas calabresas. Grandes azeitonas pretas muito, mas muito picantes. Exigem um golinho de chope entre uma mordida e outra e fazem a alegria de qualquer um que goste de pimenta.

O preço é convidativo - R$ 5,50 - e o lugar um dos mais agradáveis da Barra. Sempre achei que o Rosas tem um clima muito legal de cidade de praia, estilo Região dos Lagos. Mas se resolver experimentar durante a Copa, cuidado para não aparecer em dia de jogo desse time indigno de vestir a camisa do Brasil, porque do jeito que tá, nem com muita cachaça pra aturar!

Onde: Avenida Marechal Henrique Lott, 120 - Barra da Tijuca