15 dezembro, 2007

Criatividade depois do mais do mesmo

Não é bem um couvert, mas pode-se tranqüilamente chamar de entrada.

Sábado passado estivemos naquele deprimente espetáculo de nostalgia barata que foi o show do Police. Uma espécie de micareta reggae-pop, com a pior organização que já se teve notícia em todo o mundo.

Por conta do brilhantismo dos organizadores do show, não conseguimos beber sequer uma garrafa d'água durante as mais de duras horas em que Sting tocou a mesma música. Ato contínuo, saímos do Maracanã direto para algum bar/restaurante onde pudéssemos comer e beber.

Acabamos no Sindicato do Chope da Afonso Pena. Já tínhamos pedido o couvert e uma porção de batatas fritas quando fomos surpreendidos por uma opção de se escolher quatro entre vários aperitivos, que vêm num prato redondo com uma porção de farofa no meio.

Ficamos com batata frita, filé aperitivo, carne seca e provoleta. Com a farofa no meio. As outras opções possíveis são as clássicas entre os aperitivos de qualquer bar. Aipim, frango a passarinho, essas coisas.

Além da idéia, bastante simpática, há que se elogiar a qualidade da comida e a quantidade servida. Comemos seis pessoas e segurou muito bem a onda, junto com infindáveis garrafas d'água e latas de refrigerante.

Portanto, palmas para o Sindicato, que trouxe um troque de criatividade para o previsível mundo dos aperitivos.

01 dezembro, 2007

Noite de Reis

Na última sexta-feira a gente resolveu gastar. Não que o dinheiro esteja sobrando, mas eu tinha um prêmio do trabalho que me dava R$ 100 de bônus em qualquer restaurante. Ora, sendo assim, vamos comer bem.

Pra escolher o lugar eu liguei pra uma amiga socialite e dei uma olhada no especial da Veja Rio sobre bares e restaurantes. (Aqui vale uma explicação: eu não compro a Veja. Nós temos apenas essa edição especial justamente para pesquisar lugares)

Vi os restaurantes que venceram em cada categoria e separei algumas opções. A minha amiga socialite sugeriu o Miam Miam, mas como a intenção era jantar mesmo - e havia interesse mais em vinhos que em drinks - acabamos ficando com o escolhido como melhor carne pela Vejinha: Giuseppe Grill.

Sendo um restaurante chique, é claro que não é preciso pedir o couvert; ele vem até você. E a coisa é finíssima. Numa simpática cestinha de madeira vêm torradas, pão preto, pão francês e uma pizza branca espetacular. Pra passar nos pães, eles trazem uma deliciosa ricota levemente temperado com alho. Acompanha também um molho à campanha (!) e um especial da casa, com cebola, orégano e pimenta branca.

O ambiente é tão legal e a comida tão boa que dá até pena de falar dos problemas, principalmente considerando que eles são completamente subjetivos. Por exemplo, eu não gosto que garçon me sirva. Ainda mais aquele garçon que fica do lado da mesa e não deixa seu copo d'água esvaziar direito. Essa paranóia de copo cheio só é legal com cerveja, e na Festa do 12, em Ouro Preto. De resto fica exagerado.

Mas isso me fez elaborar uma teoria sobre a tensão inerente a esse tipo de lugar. O público que vai a esse restaurante exige um tipo de atendimento quase escravista. O esforço exagerado dos garçons em agradar pelo menos me passa isso. O que nos atendeu até relaxou com o tempo; chegou a bater um simpático papo com a gente sobre os ingredientes do molho de cebola. Foi legal.

Agora, o público... em determinado momento um cara esbarrou na minha cadeira. Quando fui olhar pra trás, Daniela disse "Espera que daqui a pouco te explico". Nem precisou. Segundos depois senti aquele característico cheiro de perfume barato que acompanha as damas da noite e seus gringos bimbões.

Pois foi isso mesmo, na mesa logo atrás de mim sentaram-se dois senhores de fora do país e duas esculturais representantes do mais alto meretrício da cidade. Presenças curiosas, principalmente considerando que o público do restaurante é quase que exclusivamente composto de casais de meia-idade.

Enfim, um lugar de difícil definição. Ganha nota 10 com todos os louvores pela comida. A clientela, no entanto, só vale uma nota 1 pelo inusitado da noite. Passaria na média se o preço não fosse tão alto. O couvert é bom demais, mas custa R$ 9,90... por pessoa.